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1 de maio de 2017

'Levar a mente à quietude, à seiva, à fonte do pensamento.'




Tornei-me professor de meditação há cerca de trinta anos. Criei um projeto para miúdos abandonados em que os pus todos a meditar. E vi a diferença entre o antes e o depois nos miúdos. A partir daí rendi-me completamente à meditação transcendental. Eles tinham entre os sete e os catorze anos. Mudaram completamente. Ficaram crianças felizes. As pessoas diziam que não pareciam miúdos abandonados. Foi uma inspiração para me tornar professor de meditação. Gostava muito e na altura pensei: que felicidade ver os miúdos que eu tanto gosto, porque eu gostava muito deles, vê-los tão felizes. 

O que me faz feliz neste trabalho é ver os outros felizes. Não há nada que eu possa dizer que não goste neste trabalho. Preenche-me completamente. Como diz Maharishi: "A vida é para viver a 'duzentos por cento'". 

Eu não devia dizer isto, mas entre os vinte e os trinta dizia que queria partir... morrer aos quarenta anos. Era porque tive uma juventude e um período ali durante a adolescência muito complicado que me deixou marcas de ansiedade e de angústia e dizia "aos quarenta não quero viver!". Depois algo mudou a partir do momento em que comecei a meditar.

Esta profissão mudou-me totalmente. Mudou tudo. Comecei a levar a mente, portanto, ao estado transcendental da vida. Aquilo que a Bíblia diz "O reino dos céus está dentro de nós" e que eu procurei toda a vida, até porque eu sou católico, rezava, ia à missa, ia para retiros para Fátima, e nunca encontrei isso. E a partir do momento em que comecei a levar a mente à quietude, à seiva, à fonte do pensamento, mudei completamente para estados de felicidade.

Tenho muitas histórias que me marcaram. Tenho um miúdo, na escola de Penafiel, que depois de meditar saltou. Deu um salto de felicidade e perguntou-me: "Professor, o que é que me fez? O que é isto?". Num estado completamente... "Eu não fiz nada. Tu é que foste lá.", disse-lhe. 

As pessoas depois de fazerem iniciações fazem verificações comigo durante anos e anos. Sou como um padre ou um psicólogo. É para a vida toda. É uma ligação do campo transcendental da vida. É uma ligação de amizade tão profunda, tão profunda que não há explicação. Nem na família. Eu fico mais ligado às pessoas que ensino a meditar do que propriamente à família de sangue. Eu se vir um meditante, para mim é uma festa. É uma parte de mim. É emocionante porque com estas pessoas eu digo que ia viajar com elas, viver com elas, faziam parte da minha vida e estaria sempre bem. 

O que aconselho a quem quer ser professor de meditação? O mais simples: é só desejar. E para ser um excelente professor de meditação é preciso meditar todos os dias como Maharishi aconselha. E seguir o conhecimento védico em toda a sua pureza. Só isso. 

O que trago de bom à vida das pessoas? A vida! Não há mais nada do que a vida. O caminho de Deus que já está dentro delas. O reino dos céus está dentro delas. E é realmente descobrir a vida a 'duzentos por cento' como Maharishi diz. É completamente diferente. É passar a ver a luz que está dentro da pessoa e que não a via. Tanta coisa que se pode dizer sobre isso.

O que me motiva todos os dias é pensar que cada vez mais posso tornar um país diferente e feliz. Todos os portugueses. O meu desejo é que tenham paz e felicidade. É isso que me mantém. Eu penso em mim, quero ser feliz. E se eu quero ser feliz, também quero ver os outros.

| Nelson |

Sobre o Projeto:

Qual é a história da pessoa que conhecemos a fazer o seu trabalho? O que é que a faz feliz na sua função? E infeliz? De que forma aquilo que faz influencia a pessoa que é? Como é que ela pensa que o seu trabalho ajuda os outros a ter uma vida melhor? O que é que a motiva a continuar todos os dias? Num mundo em que cada vez mais se exigem resultados, e a energia escasseia para ver verdadeiramente o outro, este é um projeto fotográfico e de storytelling sobre a face humana do trabalho.

Com a fotografia tento captar a 'essência' da pessoa, a sua individualidade, a sua verdade, e por isso evito que se esconda atrás do seu sorriso, se este não for natural. Gosto de a fotografar no seu contexto profissional para que possamos ver o "humano no trabalho", utilizo apenas a luz que existe nesse local e, por último, optei pelo preto e branco para que a cor não seja uma distração ao essencial: para que as marcas da vida, as rugas, a emoção no olhar e as formas do rosto e do contexto fiquem mais evidentes e intensas.

Aqui interessa-me a recolha da história simples e sintética da pessoa na sua relação com o trabalho, como este o transforma enquanto ser humano, e de que forma ajuda os outros. Escrevo as palavras tal e qual como me são ditas para não contaminar a verdade do entrevistado com correções e com as minhas interpretações.

| Vítor Briga |
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Vítor Briga
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18 de abril de 2017

'E a gente se realiza no olhar das pessoas.'




Eu tornei-me costureira aos sete anos, por incrível que pareça. Gostava muito de uma tia minha que era modista na época e foi ela que me ensinou o que eu sei hoje. Ela só fazia roupa se eu a ajudasse e eu com sete anos já comecei a ter noções de costura e hoje graças a Deus sei fazer tudo um pouco.

O que me faz feliz é decoração, fazer roupas novas, com gosto! O que eu gosto menos é quando vêm roupas que a gente vê que não valia a pena arranjar porque às vezes o arranjo até fica mais caro que o valor da peça e as pessoas querem arranjar e depois até acham que é caro e a gente fica chateada por estar a fazer uma coisa que sabe que a pessoa não vai valorizar porque a peça em si não dá esse valor.

Se eu não fosse costureira seria enfermeira porque eu gosto de dar atenção às pessoas, gosto de dar uma palavra. Eu quando vou ao Hospital para ser consultada numa urgência qualquer estou mais a cuidar dos outros do que até a cuidar de mim. Vou logo para perto de uma maca perguntar o que tem, se está precisando de alguma coisa, é uma coisa que eu gosto muito.

No trabalho que eu faço, como tenho uma loja ao público, a gente acaba por ser analista, psicóloga, conselheira, sei lá, muitas coisas, então através disso a gente também muda o nosso modo de ser, até porque a gente vê, de uns polos aos outros, a nossa vida, a vida do outro e depois pensa "Puxa estou tão aborrecida por isto e por aquilo, mas fulano está pior do que eu e até nem parece!" e uns ajudam aos outros. Aqui na loja aparece gente de tudo e eu ajudo todas as pessoas de um jeito e elas também me ajudam, é uma troca.

Tenho bastantes histórias, tenho clientes que deixam a carteira aqui com muito dinheiro e às vezes numa altura em que a gente está sem...; Tenho clientes que vêm porque querem aquilo porque à noite vão sair, vão a uma festa xpto, a gente faz, está aqui à espera a secar a vida toda e o cliente não aparece e fica a roupa três quatro meses aqui; Tenho histórias de roupas para meninas das alianças que os pais quando veem as filhas ficam encantados e a gente se realiza no olhar das pessoas, é muita coisa...

Para ser uma excelente costureira principalmente é preciso ter amor naquilo que faz. Se não gostar não vale a pena fazer, e também saber aconselhar, porque às vezes se a gente disser assim "Desculpe lá, é o meu conselho, vou perder dinheiro, não faço! Compre pronto, para o que é fica mais barato" é melhor. Eles procuram a honestidade nossa para com eles. Ganhar dinheiro está difícil para nós, mas também está difícil para os outros. Se tem conserto, tem conserto, se não tem conserto, olhe, amigos na mesma. Porque depois as pessoas umas passam às outras e quando vamos a ver temos uma boa clientela, que nem é mais cliente são amigos, são pessoas que a gente começa a conhecer anos, vêm hoje, vêm amanhã, é...eu acho que é por aí.

O que trago de bom à vida das pessoas, por aquilo que os meus cliente dizem, é que estou sempre alegre, tenho sempre uma palavra amiga tenho sempre uma palavra de conforto. Às vezes as pessoas vêm só dizer "olá" e isso é muito bom. Dou conselhos para vestir, e se me pedirem coisas particulares, se tiver em condições de dar, a gente dá sempre uma palavrinha amiga, às vezes um abraço apertado, um beijinho a um velhinho que está precisando, isso é como tudo.

O que me faz vir para cá todos os dias é porque temos que andar, temos que batalhar pela vida, nada cai do céu. Isto para mim é um laboratório, é um jeito de eu manter a minha sanidade mental, é um jeito de eu ganhar a minha vida, sou sozinha, é daqui o meu sustento, vamos à luta que a vida é curta!


| Rosinha |

Sobre o Projeto:

Qual é a história da pessoa que conhecemos a fazer o seu trabalho? O que é que a faz feliz na sua função? E infeliz? De que forma aquilo que faz influencia a pessoa que é? Como é que ela pensa que o seu trabalho ajuda os outros a ter uma vida melhor? O que é que a motiva a continuar todos os dias? Num mundo em que cada vez mais se exigem resultados, e a energia escasseia para ver verdadeiramente o outro, este é um projeto fotográfico e de storytelling sobre a face humana do trabalho.

Com a fotografia tento captar a 'essência' da pessoa, a sua individualidade, a sua verdade, e por isso evito que se esconda atrás do seu sorriso, se este não for natural. Gosto de a fotografar no seu contexto profissional para que possamos ver o "humano no trabalho", utilizo apenas a luz que existe nesse local e, por último, optei pelo preto e branco para que a cor não seja uma distração ao essencial: para que as marcas da vida, as rugas, a emoção no olhar e as formas do rosto e do contexto fiquem mais evidentes e intensas.

Aqui interessa-me a recolha da história simples e sintética da pessoa na sua relação com o trabalho, como este o transforma enquanto ser humano, e de que forma ajuda os outros. Escrevo as palavras tal e qual como me são ditas para não contaminar a verdade do entrevistado com correções e com as minhas interpretações.

| Vítor Briga |
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Vítor Briga
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7 de março de 2017

'Fazer a vida sempre de novo.'



Vim da aldeia para a cidade muito novo. Comecei por ser empregado de mesa no Café Boavista e depois na Feira Popular do Porto. Depois fui trabalhar para a residencial Portinari e o patrão cedeu-me as quotas para ser sócio e não recebia ordenado. O nosso ordenado, meu e da minha esposa que também trabalhava lá como empregada de limpeza, era retido para amortizar as quotas, e assim acabamos nós por ficar com aquilo. Desde 1976, passei de servir à mesa a gerir o meu próprio estabelecimento. Depois fomos para um restaurante na praia do Cabo do Mundo, depois passamos o do Cabo do Mundo e fomos para um na Ribeira do Porto, e agora estamos aqui.

O que me faz feliz no trabalho? É estar presente e ter trabalho.

O que gosto menos neste trabalho? Gosto de tudo! Só quando há conflitos e confusões, desacordo entre o pessoal, desentendimentos, é que me chateia um bocado, de resto não.

Se não tivesse tido este trabalho, teria tido qualquer outro, eu adapto-me a qualquer serviço, tudo dependia, conforme trabalhei em cafés, trabalhava noutra coisa qualquer.

O meu sonho? Gostava de ser formado, olha que carago...mas na altura as coisas não se proporcionavam para isso. Em quê? Em arte ou coisa assim do género...

Há muitas histórias, há conflitos, há altos e baixos, há imprevistos. Quando tínhamos o restaurante no Cabo do Mundo, o mar veio e levou-nos aquilo, quando viemos para a Ribeira, as derrocadas de pedras e terras tiraram-nos de lá, são coisas que não se esquecem, ter que fazer tudo de novo, fazer a vida sempre de novo...

Para ser excelente a gerir um restaurante é preciso gostar do que se faz, e estar presente! O que trago de bom às pessoas, aos clientes, é que sinto o prazer em os servir bem com poucos custos, prestar um bom serviço com custos reduzidos. O conselho que daria a alguém que queira gerir um restaurante é para estar presente e ser equilibrado.

O que mantém motivado para vir trabalhar todos os dias é gostar do trabalho, daquilo que faço, e querer estar presente no serviço do dia a dia. E também fazer face à vida...e aos custos que temos.

| António |

Sobre o Projeto:

Qual é a história da pessoa que conhecemos a fazer o seu trabalho? O que é que a faz feliz na sua função? E infeliz? De que forma aquilo que faz influencia a pessoa que é? Como é que ela pensa que o seu trabalho ajuda os outros a ter uma vida melhor? O que é que a motiva a continuar todos os dias? Num mundo em que cada vez mais se exigem resultados, e a energia escasseia para ver verdadeiramente o outro, este é um projeto fotográfico e de storytelling sobre a face humana do trabalho.

Com a fotografia tento captar a 'essência' da pessoa, a sua individualidade, a sua verdade, e por isso evito que se esconda atrás do seu sorriso, se este não for natural. Gosto de a fotografar no seu contexto profissional para que possamos ver o "humano no trabalho", utilizo apenas a luz que existe nesse local e, por último, optei pelo preto e branco para que a cor não seja uma distração ao essencial: para que as marcas da vida, as rugas, a emoção no olhar e as formas do rosto e do contexto fiquem mais evidentes e intensas.

Aqui interessa-me a recolha da história simples e sintética da pessoa na sua relação com o trabalho, como este o transforma enquanto ser humano, e de que forma ajuda os outros. Escrevo as palavras tal e qual como me são ditas para não contaminar a verdade do entrevistado com correções e com as minhas interpretações.

| Vítor Briga |
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Vítor Briga
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3 de fevereiro de 2017

'É que, além de limpar, ajudo as pessoas em muitas outras coisas.'




Uns chamam-me técnica de limpeza, outros chamam-me empregada a dias. Comecei a fazer este trabalho há cerca, mais ou menos, de doze anos depois de ter trabalhado num escritório vinte e dois anos e de ter ficado no desemprego. Tive de me mexer! E com conhecimentos de pessoas que me conheciam indicaram-me para casas de pessoas, engenheiros, doutores, psicólogos.

O que me faz feliz? Gosto de comunicar com as pessoas, sou uma pessoa comunicativa, gosto do que faço, sou uma pessoa que sempre gostei desta área das limpezas e, acima de tudo, uma pessoa distrai-se muito, conhece-se muita gente e, pronto, passamos bem as horas a trabalhar.

Se não fosse empregada a dias o que é que eu gostava de ser? Ora bem, é assim, eu gostava da profissão que fazia antes, também gostava de atender telefones como sou comunicativa... mas hoje gostaria de ter uma área onde pudesse ter, por exemplo, animais, jardinar, gosto das plantas. Portanto, se um dia me dedicasse pessoalmente, sem ter de trabalhar, gostava de tratar das plantas e de ter cães, ou tomar conta de cães das pessoas amigas. Acho que era uma coisa que me fascinava.

Uma coisa que nunca mais me esqueço foi um condómino que morreu num incêndio. Eu não quis ver, mas fui eu que chamei as pessoas quando vi o terceiro andar invadido pelo fumo. Nesse dia não consegui comer.

O conselho que eu diria a alguém para ser uma excelente empregada a dias era para ter pessoas que a possam indicar para os serviços e ser uma pessoa que faça o serviço o melhor que sabe e, acima de tudo, ser uma pessoa honesta para que todas as pessoas possam confiar nela.

Esta é uma profissão que as pessoas precisam. Devido à sua vida de stress, necessitam da nossa ajuda. Eles dizem mesmo que nós somos pessoas que eles não podem dispensar, devido à vida que têm, que não conseguem ter tempo para fazer as coisas. É que, além de limpar, ajudo as pessoas em muitas outras coisas. As pessoas sabem que eu tenho aquela disponibilidade que precisam para me ligar e dizer “Ó Dona Beatriz, pode-me ir passear o meu animal que eu não vou a casa, não tenho tempo” E eu faço, e é uma coisa que gosto de fazer.

O que é que me mantém motivada? Ora bem, não venho contrariada para o trabalho porque gosto do que faço e acima de tudo porque tenho mesmo ainda de trabalhar. Há uma força obrigatória... no fundo temos mesmo de fazer alguma coisa, porque temos necessidade. É uma questão de sobrevivência.

| Beatriz |

Sobre o Projeto:

Qual é a história da pessoa que conhecemos a fazer o seu trabalho? O que é que a faz feliz na sua função? E infeliz? De que forma aquilo que faz influencia a pessoa que é? Como é que ela pensa que o seu trabalho ajuda os outros a ter uma vida melhor? O que é que a motiva a continuar todos os dias? Num mundo em que cada vez mais se exigem resultados, e a energia escasseia para ver verdadeiramente o outro, este é um projeto fotográfico e de storytelling sobre a face humana do trabalho.

Com a fotografia tento captar a 'essência' da pessoa, a sua individualidade, a sua verdade, e por isso evito que se esconda atrás do seu sorriso, se este não for natural. Gosto de a fotografar no seu contexto profissional para que possamos ver o "humano no trabalho", utilizo apenas a luz que existe nesse local e, por último, optei pelo preto e branco para que a cor não seja uma distração ao essencial: para que as marcas da vida, as rugas, a emoção no olhar e as formas do rosto e do contexto fiquem mais evidentes e intensas.

Aqui interessa-me a recolha da história simples e sintética da pessoa na sua relação com o trabalho, como este o transforma enquanto ser humano, e de que forma ajuda os outros. Escrevo as palavras tal e qual como me são ditas para não contaminar a verdade do entrevistado com correções e com as minhas interpretações.

| Vítor Briga |
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Vítor Briga
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12 de janeiro de 2017

'Porque nós somos uma troca...de energia.'




Tornei-me cabeleireiro devido a algo de que não estamos conscientes e que é o que nos põe no local certo, à hora exata, no momento certo, a fazer aquilo que temos de fazer. Nós, às vezes, pensamos que "eu sou isto", "sou aquilo", "vou por ali", "vou fazer isto", "vou estudar", e não sei que mais..., quando podemos já trazer registos ou matrizes em que divinamente somos colocados: "tu agora vais para ali!" e quase nem temos mais nada a fazer. É só seguir...

Seguir a mente humana não tem mal nenhum, mas estar conscientes de que também existe uma mente divina, também, provavelmente, não tem.

O que me faz feliz neste trabalho é a esperança de poder ajudar as pessoas em níveis de consciência dos quais nós não estamos conscientes. Mesmo que eu te queira estar a dizer este é o tipo de ajuda que te estou a prestar, eu não estou consciente de todo, nem de quase de nada, do tipo de ajuda que eu te estou a dar ou tu a mim. Porque nós somos uma troca... de energia. Uma troca, enfim, de tudo o que nos rodeia.

Isto, para mim, não é só cortar o cabelo, é um encontro. Eu acho que seria uma pessoa mais rica se conseguisse estar aqui a cortar o cabelo a Jesus. Seria um outro ser provavelmente. E será que Jesus não está em todos que vêm aqui cortar o cabelo? Provavelmente está. Se eu puder fazer alguma coisa para ajudar a quem estou a cortar o cabelo, a encontrar o Jesus que está nele e ele ajudar-me a encontrar o que está em mim, ótimo!

O que me pode fazer infeliz é quando noto que há uma resistência do outro lado a uma nova consciência. Não estou a dizer que isso é bom ou que é mau, porque cada ser está num processo evolutivo, e eu não posso querer que alguém que esteja agora a brotar, a germinar do solo, já esteja em flor ou em fruta a amadurecer.

Há muitas histórias marcantes neste trabalho mas assim de repente não estou a ver uma para te destacar. Eu levo para casa todos os momentos porque nós acabamos por ser uma parte de todos aqueles que conhecemos.

O que me faz continuar todos os dias? Fazer a vontade ao Pai. Tentar, pelo menos...

O que é o Pai? É esta força que nós estamos habituados a achar invisível e que torna tudo isto possível.

| Fernando |

Sobre o Projeto:

Qual é a história da pessoa que conhecemos a fazer o seu trabalho? O que é que a faz feliz na sua função? E infeliz? De que forma aquilo que faz influencia a pessoa que é? Como é que ela pensa que o seu trabalho ajuda os outros a ter uma vida melhor? O que é que a motiva a continuar todos os dias? Num mundo em que cada vez mais se exigem resultados, e a energia escasseia para ver verdadeiramente o outro, este é um projeto fotográfico e de storytelling sobre a face humana do trabalho.

Com a fotografia tento captar a 'essência' da pessoa, a sua individualidade, a sua verdade, e por isso evito que se esconda atrás do seu sorriso, se este não for natural. Gosto de a fotografar no seu contexto profissional para que possamos ver o "humano no trabalho", utilizo apenas a luz que existe nesse local e, por último, optei pelo preto e branco para que a cor não seja uma distração ao essencial: para que as marcas da vida, as rugas, a emoção no olhar e as formas do rosto e do contexto fiquem mais evidentes e intensas.

Aqui interessa-me a recolha da história simples e sintética da pessoa na sua relação com o trabalho, como este o transforma enquanto ser humano, e de que forma ajuda os outros. Escrevo as palavras tal e qual como me são ditas para não contaminar a verdade do entrevistado com correções e com as minhas interpretações.

| Vítor Briga |

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Vítor Briga
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