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7 de março de 2017

'Fazer a vida sempre de novo.'



Vim da aldeia para a cidade muito novo. Comecei por ser empregado de mesa no Café Boavista e depois na Feira Popular do Porto. Depois fui trabalhar para a residencial Portinari e o patrão cedeu-me as quotas para ser sócio e não recebia ordenado. O nosso ordenado, meu e da minha esposa que também trabalhava lá como empregada de limpeza, era retido para amortizar as quotas, e assim acabamos nós por ficar com aquilo. Desde 1976, passei de servir à mesa a gerir o meu próprio estabelecimento. Depois fomos para um restaurante na praia do Cabo do Mundo, depois passamos o do Cabo do Mundo e fomos para um na Ribeira do Porto, e agora estamos aqui.

O que me faz feliz no trabalho? É estar presente e ter trabalho.

O que gosto menos neste trabalho? Gosto de tudo! Só quando há conflitos e confusões, desacordo entre o pessoal, desentendimentos, é que me chateia um bocado, de resto não.

Se não tivesse tido este trabalho, teria tido qualquer outro, eu adapto-me a qualquer serviço, tudo dependia, conforme trabalhei em cafés, trabalhava noutra coisa qualquer.

O meu sonho? Gostava de ser formado, olha que carago...mas na altura as coisas não se proporcionavam para isso. Em quê? Em arte ou coisa assim do género...

Há muitas histórias, há conflitos, há altos e baixos, há imprevistos. Quando tínhamos o restaurante no Cabo do Mundo, o mar veio e levou-nos aquilo, quando viemos para a Ribeira, as derrocadas de pedras e terras tiraram-nos de lá, são coisas que não se esquecem, ter que fazer tudo de novo, fazer a vida sempre de novo...

Para ser excelente a gerir um restaurante é preciso gostar do que se faz, e estar presente! O que trago de bom às pessoas, aos clientes, é que sinto o prazer em os servir bem com poucos custos, prestar um bom serviço com custos reduzidos. O conselho que daria a alguém que queira gerir um restaurante é para estar presente e ser equilibrado.

O que mantém motivado para vir trabalhar todos os dias é gostar do trabalho, daquilo que faço, e querer estar presente no serviço do dia a dia. E também fazer face à vida...e aos custos que temos.

| António |

Sobre o Projeto:

Qual é a história da pessoa que conhecemos a fazer o seu trabalho? O que é que a faz feliz na sua função? E infeliz? De que forma aquilo que faz influencia a pessoa que é? Como é que ela pensa que o seu trabalho ajuda os outros a ter uma vida melhor? O que é que a motiva a continuar todos os dias? Num mundo em que cada vez mais se exigem resultados, e a energia escasseia para ver verdadeiramente o outro, este é um projeto fotográfico e de storytelling sobre a face humana do trabalho.

Com a fotografia tento captar a 'essência' da pessoa, a sua individualidade, a sua verdade, e por isso evito que se esconda atrás do seu sorriso, se este não for natural. Gosto de a fotografar no seu contexto profissional para que possamos ver o "humano no trabalho", utilizo apenas a luz que existe nesse local e, por último, optei pelo preto e branco para que a cor não seja uma distração ao essencial: para que as marcas da vida, as rugas, a emoção no olhar e as formas do rosto e do contexto fiquem mais evidentes e intensas.

Aqui interessa-me a recolha da história simples e sintética da pessoa na sua relação com o trabalho, como este o transforma enquanto ser humano, e de que forma ajuda os outros. Escrevo as palavras tal e qual como me são ditas para não contaminar a verdade do entrevistado com correções e com as minhas interpretações.

| Vítor Briga |
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Vítor Briga
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